segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018


"o apagar da pequena chama"


o pesadelo noturno
de uma mãe insone
que ama e ama,
é a sua criança
febril em chama.
não há pai que entenda
de perder um filho
já quase sem pulso
mal se ouve o seu respiro.
onde ficou o perdão
quando o rebento pode virar carniça?
melhor ser a escória no chão,
não há sétimo dia que compense a missa.
pega trêmula a mãe,
a frágil e branca mãozinha
o coração arrancado pelos cães
poria um fim a sua triste sina?
estão gelados os pequenos dedos
já bate à porta o maldito vigário
quem vai pegar os brinquedos
e por de volta no armário?
Afonso 2018

"um poema para mim"


não tenho a paz
que aprendi com os pombos
não sou tão dócil
quanto é o meu cahorro
minha paciência cabe melhor nos outros
não sou nem o dono do meu próprio abandono.
depois que estou gordo
dou comida ao mendigo
na caridade daquilo que sobra
é o remédio que carrego comigo
só não cura veneno de cobra.
não perco tempo na frente do espelho
pois não suporto olhar a mim mesmo
seria melhor se fosse por vaidade
me fala um vaidoso que não é de verdade!
tem pouca coisa que eu não entendo
o que não me falta
ganhei de um avarento
olha que coisa.
ainda não deu de eu perceber
que dar foi esse
tão maior que receber.

afonso 4/2/18

sábado, 3 de fevereiro de 2018


"pequeno poema lunático"


equilíbrio de prata
de um mundo perecível
iluminando um sonho
cada vez mais impossível
face da beleza
não mais percebível.

Afonso - big moon 02/02/2018 6:50 am.